DIVÓRCIO: “Divórcio no aeroporto” pode salvar um relacionamento?
11/23/20252 min read


Especialista vê no ‘divórcio’ um mecanismo útil para evitar brigas antes do embarque
Casais que discutem antes mesmo de embarcar podem ter encontrado uma saída simples no chamado “divórcio no aeroporto”. A expressão, criada pelo jornalista britânico Huw Oliver em coluna no Sunday Times, descreve a estratégia de se separar do parceiro após a passagem na alfândega para evitar conflitos e reduzir o estresse que costuma dominar as horas anteriores ao voo.
Oliver, que está noivo, admite que ele e a parceira, Morwenna, acumulam tensões sempre que viajam. “No aeroporto, nos transformamos, como lobisomens, em seres irreconhecíveis”, escreveu.
Enquanto ela gosta de percorrer as lojas livremente, ele prefere vigiar o painel de partidas para antecipar mudanças de portão. O descompasso gerava atritos frequentes até o casal testar a ideia.
Eles passaram a seguir caminhos diferentes no terminal e só se reencontram quando já estão sentados no avião. “Minha noiva estava mais animada com a ideia do que eu, na verdade”, contou o jornalista, que diz ter colhido benefícios apesar de alguns olhares atravessados pelo terminal.
Para ele, o tempo separados funciona como respiro depois de dias inteiros de convivência durante a viagem.
A tática tem base no comportamento comum dos passageiros. Uma pesquisa citada por Oliver indica que 54% dos viajantes assumem uma personalidade diferente no aeroporto.
Para a psicóloga clínica Anne M. Appel, isso ocorre porque o ambiente funciona como uma “panela de pressão”. Ela afirma que filas, atrasos, barulho e cansaço favorecem a irritação. “Você está correndo contra o tempo, em filas intermináveis, e quase não tem controle sobre o que acontece em seguida”, explica.
A combinação costuma acentuar diferenças de estilo entre casais, que entram em choque quando tentam lidar com a tensão de formas opostas. “O que parece uma pequena preferência na verdade está ligado a valores mais profundos, como liberdade versus segurança”, diz Appel.
A psicóloga vê no “divórcio no aeroporto” um mecanismo útil para evitar brigas. “A genialidade está em trocar a convivência forçada pela autonomia planejada”, afirma.
Segundo ela, ao permitir que cada um siga seu ritmo em um ambiente naturalmente estressante, os parceiros chegam ao embarque mais calmos. A tática, porém, não serve para todos. Casais em que um dos parceiros sente ansiedade intensa podem se beneficiar justamente da proximidade. “Estar juntos proporciona uma sensação de segurança”, explica Appel.
A ideia pode soar irônica, mas os especialistas concordam que essa breve separação tem potencial para evitar discussões e até fortalecer o relacionamento. É, nas palavras de Oliver, o único tipo de divórcio que pode salvar um casamento até a retirada das malas.
R7/ Huw Oliver/coluna no Sunday Time/The Times
